Sinto saudades, olho pra molecada de hoje, nada a ver. Olho eles, e logo vem um filme na cabeça: “Domingo ensolarado, numa tarde do inicio da década de 90, o barulho das crianças gritando na rua, aquela zona...
Uns andavam de bicicleta, outro de carrinho de rolimã... Todos sorriam...
A maldade, a sexualidade, o Calypso, Tchan e o Tigrão não existiam... Somente o sorriso das crianças...
Mas logo o pensamento volta ao tempo presente, logo o inferno dos dias atuais reacende, e tudo que há 12, 15 anos atrás não existiam, entram na minha realidade periférica... Aquela vaca da Joelma gritando “Calypsoooo”, as vadias rebolando o rabo ao som do “Tigrão”, e junto, influenciando as crianças a fazerem o mesmo...
A minha realidade mudou, acho que minha vida também mudou, estamos na geração internet, eu sou um dos que ficam várias horas conectado nesse mundo paralelo. Mas, eu aproveitei a minha infância, eu brincava, fazia minhas artes, era uma criança serelepe, mas que nunca chegou a dar muito trabalho, mas que aproveitou.
As crianças hoje não se dão ao valor, de brincar, completam 15 anos, já querem sair na madrugada, beijando todos os “manos” que acharem pela frente, “ficar,” é a palavra chave da balada, conta vantagem, você é o fodão... É, e viva ao HIV, contaminando assombrosamente os adolescentes.
É, e viva as crianças, que geram outras crianças, sem ao menos terem aproveitado a vida...
Olho pra trás, e lembro-me do vento em meu rosto, enquanto eu descia a rua sentado naquele pedaço de tábua roubado de alguma cerca, aquele barulho ensurdecedor das rolimãs no asfalto. A maior preocupação das “crianças” é virarem adultos, fazer sexo à vontade, encher a cara e ficar com quantas a noite permitir na balada...
Sinto saudades do Bozo, da Vovó Mafalda, do Chaves e da Chiquinha... Ótimas manhãs aquelas...
Pena que são somente lembranças que ficaram no passado, coisas que nunca vão voltar, infelizmente...
O jeito é eu me acostumar, afinal, já comprei minha prancha, para surfar no caos, na incoerência do Brasil, no senador tarado, e no presidente filho da puta que só viaja.
O pior que eu já me acostumei, pois como diz o ditado, “Uma andorinha só, não faz o verão...”
(continua...)
Geancarlo Nascimento
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